sexta-feira, 1 de julho de 2005

São 13h14 e eu ainda estou com a mesma malha preguenta de suor que vesti às 8h (quando ela não estava preguenta de forma alguma).
Não sei direito porque gosto de ficar assim. Não acho que seja apenas preguiça de cansaço, de ter de tirar tudo para entrar no banho. E o corpo dói... Mas é uma dorzinha gostosa, uma dorzinha que significa que você está fazendo tudo direito e, como recompensa, todo o o corpo amolece e... É bom. Acho que quando você toma banho, pelo menos metade de todas essas sensações desce pelo ralo.

Pois então, aqui estou, tendo de ainda costurar elástico na sapatilha, maquiá-la, editando uma entrevista sobre dança para, mais tarde, subir ao palco mais uma vez.

Estou respirando dança [e amo muito tudo isso]. Lembra os tempos de Colégio de Dança: das 8h às 14h de malha, direto - dança direto. A única diferença é que naquela época eu tinha mais força. Era dança a manhã inteira e à noite. Dança em tempo integral.

Ana e Toshie estão me ajudando a recuperar tudo isso de novo, mas eu não sou mais a mesma e o meu relacionamento com tudo isso provavelmente também não. Mas ele não vai mudar para pior não! Vai ser só diferente.

Whatever you feel, just dance it

terça-feira, 28 de junho de 2005

"Muitas vezes me perguntam se eu coloco o amor acima da arte. E eu respondo que seria impossível separar o amor da arte. Ora, quem dança, sente; quem sente, sofre; quem sofre, ama.
Tu sentes, tu sofres, tu ama: então dança!"

----- Ana Botafogo, em Três Momentos de Amor

segunda-feira, 13 de junho de 2005

Falando um pouco sobre Larissa Lezhnina

Uma coisa que não se pode negar: a mulher tem peito. Após sete anos no Kirov, onde já tinha uma consolidade carreira de primeira bailarina - o sonho de 8 em cada 10 estudantes de ballet clássico (estatística minha, óbvio ;P) - ela arrumou suas trouxas e partiu de mala e cuia para a Amsterdã. Em 1994, passou a desempenhar o mesmo papel de destaque no Ballet Nacional da Holanda. Foi dançar, além dos clássicos extremamente clássicos - até então, o único nicho de mercado do Kirov - coisas mais modernas: Forsythe, Ashton, Van Manen e Tharp.

Também houve motivos pessoais que são muito frequentes em qualquer academia de ballet:
"Eu decidi ir embora porque era impossível trabalhar com um diretor que odeia você"
Sim, aparentemente ela vivia às turras com o Oleg Vinogradov, o que não a impedia de interpretar magistralmente Aurora ou Clara (aparentemente, suas duas especialidades nos repertórios) enquanto esteve por lá.

Em 2002, ela criticou o Kirov por padronizar suas bailarinas, ampliando o casting de meninas novas com tipos magérrimos, longas pernas e pés maravilhosos. Para Lezhnina falta a elas a maturidade para incorporar papéis de grande intensidade dramática, falta o estilo próprio de cada uma em sua dança como nas suas mestras Irina Kolpakova e nas divas Tatiana Terekhova e Olga Chenchikova.

"Elas grudam na sua mente para sempre. Aquilo é que era performance. Agora você vê uma bailarina, no dia seguinte vê outra e dificilmente consegue distinguir a diferença entre elas. É interessante e ainda lindo ver pernas e movimentos. Mas quando chego em casa, já esqueci quem havia dançado".

Uma de suas poucas apresentações com o Kirov disponibilizadas em DVD é a de Diana, encontrada no Essential Ballet. Curiosamente, ela está... Como posso dizer... Estranha naquele momento. Talvez o Vinogradov tivesse dado uns gritos pouco antes da apresentação ;P
Então, ainda em um momento de "política afirmativa" do solo de Diana (risos), deixo com vocês um vídeo de Lezhnina dançando uma Diana muito mais tranqüila e linda que aquela do vestidinho vermelhinho do DVD. Só repetindo, o vídeo também é retirado do site do Ballet Nacional Holandês; aliás, eles tem milhões de mini-vídeos maravilhosos de seus bailarinos principais. Vale a pena fuçar por lá e sair descobrindo ;]

sexta-feira, 10 de junho de 2005

Para manifestar a minha indignação com a falta da variação de Diana e Acteon no Festival de Joinville, deixo com vocês o arquivo mp3 com a música do solo. O esquema para baixar é o mesmo do vídeo, cliquem com o botão direito em cima do link e depois vão em "salvar destino como". Espero que vocês curtam =)
Nos números nós confiamos

A comissão julgadora do 23º Festival de Joinville desse ano selecionou 31 variações femininas de repertório para competirem no palco do Centreventos Cau Hansen a partir do dia 20 de julho.
É interessante perceber como há "tendências" na escolha das coreografias de acordo com determinada época. Há cinco anos, o Festival estaria recheado de Dianas e Esmeraldas e, ao fim das apresentações, a platéia já saberia dançar as coreografias de cor-e-salteado.

Apesar de haver várias novidades no programa, há um ballet que continua marcando presença forte e massiva: Dom Quixote.
Dele, vamos ter 4 Kitris, 3 Cupidos e 1 Rainha das Dríades!

Em seguida, o ballet que coloca mais variações suas no palco é A Bela Adormecida! O "fenômeno" de Aurora é recente. A Bela Adormecida sempre foi considerado um ballet leve, sem o virtuosismo que muitas vezes é acaba sendo fator fundamental de premiação nesses festivais.
Dessa vez, teremos 3 Florines, 2 Auroras e 1 Fada Branca.

Em seguida, vêm 3 Paquitas.

Teremos também dobradinha das seguintes variações:
La Fille Mal Gardée, Grand Pas Classique, Esmeralda e Nikya.
Atenção: Atentem para um fato. Só teremos nessa edição DUAS Esmeraldas. APENAS duas. Isso é significativo. Não mais pandeirinhos e tutus verdes. Que mudança!
Outra novidade considerável é a entrada de Nikya nessa lista! Fico feliz; a personagem carrega uma carga dramática forte que muitas vezes não é vista em outros repertórios de Festival.

Na lista de solitárias temos:
Carnaval em Veneza, Talismã, Trois do Lago dos Cisnes, Raymonda, 1ª Variação das Sombras de La Bayadère e Satanella.
Vários nomes diferentes na lista, não é mesmo? Eu nem nunca ouvi falar dessa tal "Satanella". Alguém sabe algo a respeito?

E então, vocês sentiram falta de algo? Eu senti.
Não há nenhuma Swanilda. Em 2003, quando eu fui para o Festival, pelo menos metade das solistas interpretava Coppelia, assim como também pelo menos uns dois ou três Grand Pas-de-Deux! Nessa categoria, falta também o difícilimo do 2º Ato de Giselle, também, costumeiramente, sempre presente.

Entretanto, a maior falta que me fez foi não ver nenhuma Diana! Nem mesmo o Grand Pas-de-Deux! O que aconteceu? Por que as pessoas enjoaram dela?
Diana e Acteon são a cara de ´festivais´. Nunca ouvi falar de já terem visto o ballet completo (em que supostamente Diana e Esmeralda se misturam =O) .
Vou sentir falta.
Espero que em 2006 reparem o erro.
Bailarinas podem ser, às vezes, muito imediatistas.
Eu não conheço nenhum exemplo de aplicação de imediatismo que costume ter bons resultados. Por que a dança seria exceção?
Quem passa um tempo parada, volta com todo o gás querendo recuperar o tempo perdido. Mas é inevitável se deparar com algumas mudanças que aconteceram a seu redor. Aquelas bailarinas miudinhas começaram a crescer e brilhar; outras, amigas de turma, estão muito melhores do que quando você as deixou e, lá para trás, está você, quase chorando sem saber como fazer para acompanhar um ritmo que está muito à frente do seu.
Mas calma, muita calma nessa hora. Porque a tendência é você se jogar com tudo na aula, tentar dar o máximo que puder, mas nem sempre o corpo vai te responder como você imagina.
E é aí que o imediatismo pode ser maléfico. Se isso acontece, há uma possibilidade grande de uma crise de baixa-estima bater em você, o que acaba se contradizendo com o maior benefício que o ballet deve trazer: o bem-estar.
Se você tiver paciência, trabalhar no seu ritmo sem importar-se com os outros que estão na sala, logo logo você se verá fazendo todas aquelas triplas piruetas que fazia antes e, melhor ainda, feliz de verdade =]
(Nossa, isso tá parecendo auto-ajuda ;P)

quinta-feira, 9 de junho de 2005

No caderno Vida e Arte do Jornal O POVO de hoje:

FENDAFOR 2005
As inscrições encontram-se abertar para os interessados em participar dos seguintes cursos que acontecem de 30/06 a 02/07, no Ballet Goretti Quintela e Theatro José de Alencar:

- Ballet Clássico Técnico, com Toshie Kobaysahi;
- Ballet Clássico Intermediário, com Duda Braz e Luiz Rubem;
- Pas de Deux, com Duda Braz e Luiz Rubem;
- Ballet Contemporâneo, com Ivaldo Mendonça;
- Dança de Salão, com Sandro Rogério e Adriana Bandeira;
- Composição Coreográfica, com Alexandre Franco,
- Jazz, com Ramirez Menezes;
- Sapateado, com Samuel e Fernanda Faez,
- Street Dance, com Faísca e Fumaça;
- Dança do Ventre, com Carla Silveira;
- Alongamento, com Jurema Barreto.

O preço de um curso é R$ 40. Fazendo dois, sai por R$ 60. Mais informações pelo telefone 32382631

quarta-feira, 8 de junho de 2005

Para quem quer ver dança na TV:

A Rede Sest Senat de Televisão (STV-Canal 3 da NET) é o único canal brasileiro que tem um espaço diário em sua programação reservado para a dança.
É o programa "STV na Dança", que transmite todo dia, durante uma hora, trechos ou balés completos de famosas companhias de dança nacionais.
Antes da apresentação, costuma sempre haver o comentário da crítica Ana Francisca Ponzio, que nos ajuda a compreender melhor a coreografia e sua produção. O comentário é válido, já que a maior parte dos grupos que se apresentam nesse espaço tem uma linha mais moderna/contemporânea.
A programação dessa semana reserva, entretanto, a dança clássica =)
O espetáculo é "Sonhos de uma noite de Verão", inspirado na obra de Shakespeare. O grupo é o Estúdio de Balé Cisne Negro. Uma das reapresentações acontece logo mais, às 17h30.
Fique atento(a) para a tabela de horário ao longo da semana:

Quinta: 5h30 ---- Sexta: 01h00 ---- Sábado: 19h00
Domingo: 16h30 ---- Segunda: 06h30
Sofiane Sylve e Charles Askegard no pas-de-deux da Fada Açucarada em "O Quebra-Nozes" pelo NYCB Posted by Hello
A bailarina do pezinho de "Dina Nina" aí em cima é a francesa Sofiane Sylve.

A carreira profissional dela começou em 1990, mas foi no Ballet Nacional Holandês que ela construiu sua trajetória mais sólida. Lá, em 1997, conseguiu o posto de primeira bailarina ao lado de Larissa Lerzhnina, ex-primeira bailarina do Kirov. Nos dois anos seguintes, recebeu prêmios por seu desempenho.

Durante a temporada de inverno 2002/2003 foi que ela começou a despontar. Foi convidada para dançar neste período com o New York City Ballet. Pelo jeito, gostaram tanto dela que a efetivaram e lá ela permanece hoje com o seu almejado posto de prima-ballerina!
É curioso perceber como sem a internet e os fotologs eu provavelmente demoraria aaaaanos para saber que Sylve existia. Afinal, essas estrelas nascentes do ballet mundial só surgiam para a gente quando algum vídeo com suas apresentações chegava por aqui, cinco, seis anos depois (quando não mais!).

Imagina! Sem a internet estaríamos privados de entender porque Sylve faz tanto sucesso. Este vídeo é a mostra de que mulher pode sim girar (e como!). O link é http://www.geocities.com/balletholic/sofiane_sylve.mpg (lembre-se de clicar com o botão direito do mouse sobre o link e clicar em "salvar destino como") Ele foi retirado do site do Ballet Nacional Holandês.

E parece que giro é mesmo o forte dela. Sobre uma apresentação de julho de 2004, em Saratoga (EUA), comentaram:

"Sylve fez um número humilde, "My One and Only" (solo de Who Cares?, de Balanchine), apresentando um tranquiloset de piruetas em uma só perna e finalizando com uma passagem lenta de fouettès. Se o volume dos aplausos da chamada de cortina for o termômetro justo, ela foi a preferida da platéia"

É ver para crer!

segunda-feira, 6 de junho de 2005

O problema não são meros dois quilos.
O problema é ter perdido a força, a agilidade ou a própria capacidade de segurar o estômago.
O problema é não encontrar mais aquele norte em que o que você faz é bom para você.
O problema é não se sentir bem.
E aí, quando isso acontece, lascou. =/

"You´ve gotta find it again"
Ai Jisuis!

A perdição de hoje foi uma fatia de charlotte!
Pelo menos, dessa vez, o pecado foi cometido com vontade...
Ô belezura =P
Aula da retomada mais tarde. Boa sorte para mim!

domingo, 5 de junho de 2005

Tinha um sorvete no meio do caminho

Minha cidade não é muito grande, mas há vários caminhos diferentes que podem ser percorridos para chegar a um lugar. Hoje, meu inconsciente escolheu um caminho traidor. Quando menos esperava, me deparei com uma sorveteria de maravilhosos e bem elaborados sorvetes italianos. Não deu outra. O sol a pino já denunciava que eu teria que parar.
Ah, quanta infelicidade!
Por uma quantia nada módica, escolhi o sabor originalmente intitulado por "lançamento". A moça no balcão explicou: era doce de leite com brownie. Deve ser bom.
Sentei com os olhos gulosos à mesa para, enfim, tascar a primeira colherada em minha boca. Para quê?
Não havia necessidade alguma naquele gesto de pura gula. Não estava com fome, não estava com sede, não estava com calor e nem mesmo com vontade. Foi só birra mesmo. Desejo em uma tarde tediosa de domingo.
Como o mal já tinha sido feito, não tive muitas opções a não ser engolir tudo aquilo sem o menor prazer (sim, porque também não jogaria meu dinheiro no lixo por nada).
Acho que pesou o fato de faltar menos de um mês para a minha próxima apresentação. Talvez não pesaria tanto se, nas últimas três semanas, eu não tivesse dado um tempo do ballet. É claro que eu não poderia passar esse período sem uma alteração considerável na balança. Foi difícil para mim entender que, depois dos 20, o metabolismo desacelera e tudo o que você come se reverte muito mais facilmente em gordura do que em massa muscular (claro, principalmente quando se está parada!)
Esse sorvete de hoje foi mais uma gordura que eu realmente não precisava na minha vida bailarina. Certamente, esta não foi a última vez que cometi uma besteira do tipo, mas espero, pelo menos, que o próximo vacilo demore a se repetir (talvez quando eu estiver com uns dois quilinhos a menos, quem sabe...).
Que me sirva de lição... ;/

sexta-feira, 3 de junho de 2005

As luzes. O espelho.
Gel, ligas, pente fino.
Rede, flores.
Não percebera a importância daquele momento para si até a hora em que ele aconteceu.
Foi ali, muito antes de chegar ao salão tão longamente abandonado, que a barriga esfriou.
"Puxa... Eu estou voltando. Eu estou REALMENTE voltando!"
Percebeu, também, o mais importante: cinco anos depois, continuava amando tudo aquilo como da primeira vez em que se deu conta que estava apaixonada pela dança.
Sorriu, arrepiou-se.
Pegou a bolsa, as chaves e saiu.
Ao fechar a porta de casa, parou um instante. Olhou para a rua, que estava diferente. Talvez porque ela própria estava diferente.
Ergueu a cabeça - o queixo alto e o olhar vívido das mais interessantes protagonistas de repertórios - e partiu.
"Eu estou voltando."
Então... Aqui está um novo projeto. Eu ainda não sei ao certo o que quero com ele, mas faz alguns anos que venho matutando tudo isso. Sim! Faz tempo que eu penso neste espaço. Acho que ele deve valer para alguma coisa para quem está do outro lado e lê. São experiências minhas e de outros transcritos em palavras. Matérias, resenhas e entrevistas também estão nos planos. A tentativa é de conseguir realizar um trabalho que eu sempre gostaria de ter tido à mão nestes meus 15 anos de morte e vida bailarina.
A minha dança transcende os próprios movimentos, colocando-se também em palavras, gestos, pensamentos e ações. Chegou a hora de trazê-la para o ciberespaço mais uma vez.
Até logo ;]