domingo, 16 de novembro de 2014

Novíssimos

Cena de "GEN", de Cassilene Abranches | Crédito: Divulgação
Concebido em 2012, o Ateliê de Coreógrafos Brasileiros da São Paulo Companhia de Dança (SPCD) convoca criadores de diversas partes do país para conversar com seu elenco. Este ano foram dois convidados: a paulista radicada em Minas Gerais Cassilene Abranches e o carioca radicado em São Paulo Rafael Gomes. Ambos têm algo em comum: após anos na pele de intérpretes - ela no Grupo Corpo, ele na Cia de Dança Deborah Colker e na própria SPCD -, os dois estão começando agora a experimentar o gosto da coreografia. O resultado foi apresentado no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, entre os dias 13 e 16 de novembro.  

Em vez de negar sua origem, Cassilene a coloca em evidência desde o título de "GEN". É com a ideia de rito de passagem e mudança que ela se aproximou da criação do novo trabalho da São Paulo Companhia de Dança. Há ali muito do Grupo Corpo, evidenciado, principalmente, no modo como os bailarinos se deslocam pelo palco, no peso com que executam saltos e na circularidade na concepção dos movimentos. Há, porém, uma musicalidade diferente, ainda extremamente melódica, mas influenciada pela rítmica do rock com a qual Marcelo Jeneci preparou a trilha. E esse elemento, por si só, já transforma tudo e joga para longe a sensação de se estar vendo algo genérico. Cassi faz um uso inteligente do espaço do palco e demonstra perspicácia na condução dramatúrgica, com um equilíbrio de conjuntos com solos, duos e quartetos, todos bem delineados pela iluminação de Gabriel Pederneiras, em uma obra que, no entanto, ainda precisa ser azeitada com bons ensaios para alcançar mais fluidez poética e dirimir falhas simples de execução.

Já "Bingo!" é a melhor coisa que poderia ter acontecido à SPCD neste momento em que começa a encontrar sua voz, alinhada a trabalhos que fundem precisão e agilidade com lirismo. É uma peça ruidosa, por vezes poluída e cheia de excessos, mas com uma energia completamente singular em relação às demais obras já dançadas pelo grupo. O que há de mais precioso na criação de Rafael Gomes é justamente levar para o palco essa força tão inerente à vida - palpável e real - e que raramente chega assim tão pura e crua à cena devido aos vários filtros que se instalam durante o processo coreográfico.
Rafael Gomes à frente do elenco de "Bingo!" |
Crédito: Silvia Machado/Divulgação
Colocar um dançarino da companhia para criar para (e com) os colegas é um risco e uma aposta pelo peso da responsabilidade, mas talvez tenha sido justamente o fato de estar tão embrenhado nesse organismo e entender o funcionamento dele que o fez se sentir livre para transgredir de certa maneira. Em vez de apequenar-se, Gomes dá uma resposta cênica muito concreta de alguém da sua geração para o tempo que vive.

Há humor, com movimentos quase de brincadeiras infantis. Há ironia, com óculos escuros que geram "carões" à la SPFW. Há violência, com duos no limite da misoginia em que homens jogam mulheres em pegadas que ora projetam energia para fora e ora para dentro dos corpos dos bailarinos. E há a formação de um vocabulário coreográfico duro e seco que se repete alternadamente durante a obra.

São tantas referências em cena que por vezes fica tudo um pouco confuso, seja pela falta de uniformidade nos figurinos pinçados do street wear de Alexandre Herchcovitch, pela grande quantidade de gente em cena fazendo movimentos diferentes ao mesmo tempo, pelas intevenções do DJ Hisato em músicas já muito impregnadas no imaginário, como "The End", do The Doors, ou "Take Five", imortalizada por Dave Brubeck, ou mesmo pelo cenário em que a configuração de neons criados por Kleber Matheus se altera a cada cena. Mas essa avalanche de informações é parte inerente do universo que Rafael Gomes quer retratar, que mescla o lado fútil da moda com o barulhento underground das baladas. Então, por que não tentar e bagunçar tudo? Ver um coreógrafo nascer sem medo de arriscar - e poder fazê-lo dentro de casa - é certamente animador.

domingo, 6 de julho de 2014

A vida como ela é (no estúdio de balé)

Kelly Bishop (esq.) e Sutton Foster vivem
sogra e nora em "Bunheads" | Divulgação
É uma pena que "Bunheads" tenha durado apenas uma temporada, exatamente a que estreou hoje, sem muito alarde, na desprestigiada faixa do meio-dia, no canal Sony.

Produzida em 2012 pelo canal americano ABC Family, a série conquistou um público cativo nos Estados Unidos, mas em número insuficiente para engatilhar uma nova leva de episódios. Muitos jornalistas especialistas em TV apontaram que essa foi uma das maiores injustiças da temporada televisiva do ano passado. Até uma campanha de arrecadação de fundos no Kickstarter, que não vingou, foi cogitada para evitar o fim precoce da produção.

Falo tudo isso só para ficar claro que não é corporativismo quando digo que "Bunheads" é uma das melhores coisas já filmadas com o balé como pano de fundo. É isso que faz a série não ser totalmente um autoplágio do maior sucesso da criadora Amy Sherman-Palladino, a série "Gilmore Girls".

As falas rápidas, recheadas de referências pop e autodepreciação continuam lá, assim como personagens excêntricos e uma protagonista quase idêntica à Lauren Graham. Ela é Michelle Simms (Sutton Foster), showgirl que abandona Las Vegas – e o sonho de ser bailarina profissional – para se casar com um admirador, com quem se muda para a pequena cidade de Paradise, onde ele mora com a mãe, Fanny Flowers (Kelly Bishop), dona de um... estúdio de balé. Apesar de viverem às turras, as duas encontram na dança um elo e tentam aprender a conviver uma com a outra.

Sherman-Palladino tem um talento especial para misturar drama e comédia, bem como para equilibrar as várias tramas dos personagens centrais. Sim, é Michelle quem conduz a narrativa, mas parte essencial da série está na dinâmica do quarteto de alunas adolescentes, cada uma incorporando os arquétipos de qualquer escola de dança: a talentosa de nariz empinado, a gordinha inspirada que dança com a alma, a insegura e problemática, a que nem gosta tanto daquilo mas dança para ficar perto das amigas...

Existem vários filmes que tematizam o lado mais profissional do balé, mas, em geral, essa é uma abordagem idealizada e completamente distante do dia a dia de uma sala de aula de dança. "Bunheads" se diferencia por se comunicar de verdade, de igual para igual, com os sonhos, as alegrias e as frustrações de milhares de garotas que calçam as sapatilhas diariamente mas, provavelmente, vão se tornar dentistas, corretoras de imóveis, jornalistas... E faz tudo isso sem cair no estereótipo barato, algo difícil quando o modo de narrar, como o escolhido aqui, é propositalmente artificial e exagerado.

Além disso, há uma boa escolha das atrizes, que dançam com o nível e a qualidade técnica das estudantes que são na vida real (ou seja, nada exageradamente bom, nada exageradamente ruim), com boas coreografias originais de Marguerite Derricks (de "So You Think You Can Dance"), pensadas justamente para esse bailarino em formação, além de um roteiro com uma precisão impecável nos detalhes técnicos do balé, recheado de referências e anedotas que eu me veria fazendo e que, de tão específicas, soam quase como piada interna – o que, na real, só ajuda a criar intimidade e carinho pela série.

"Bunheads" me representa. Representa as diferentes fases dos 20 anos que passei dentro da Academia de Ballet Regina Passos. E eu daria de bom grado alguns tostões para me emocionar vendo um pouco mais disso na ficção.

Os 18 episódios da primeira e única temporada estão sendo exibidos no Sony em maratonas de quatro episódios seguidos, a partir do meio-dia, todos os domingos, dublados em português. Ainda não há reprises agendadas.

Em primeiro plano, da esq. para a dir., Julia Goldani Telles, Bailey Buntain, Emma Dumont e Kaitlyn Jenkins | Divulgação

P.S.: Tá vendo a garota de moletom aí acima? Ela vive Sasha, uma das alunas mais inspiradas de Fanny Flowers em "Bunheads". E a atriz que a encarna, imagine só, nasceu no Rio! Julia Goldani Telles é filha de mãe brasileira e começou a estudar balé ainda no país, de onde se mudou aos seis anos para os Estados Unidos, onde continuou o aprendizado na School of American Ballet. Encontrei uma matéria ótima da BBC Brasil em que a atriz fala um pouco dessa relação com nossa pátria. Dá pra ler aqui.


sexta-feira, 30 de maio de 2014

Dançar com Coragem


por Amanda Queirós

A canadense Louise Lecavalier é uma bailarina que desafia o tempo. Assim que pisa no palco, seus 55 anos de idade se anulam tamanho o vigor que ela apresenta. Ao longo de mais de três décadas de carreira, esse domínio do cronos também se tornou uma assinatura do seu tipo de movimento, capaz de controlar uma velocidade aparentemente incontrolável do corpo com extrema qualidade e precisão.

Tem sido assim desde 1981, quando ela entrou para a companhia La La La Human Steps e se tornou musa de toda uma geração de bailarinos, com seus longos dreadlocks platinados, ao personificar o pensamento coreográfico de seu criador, Édouard Lock, com quem manteve uma frutífera parceria artística até 1999.

De lá para cá, Lecavalier embarcou em projetos de outros artistas dentro de sua própria companhia, a Fou Glorieux, criada em 2006, mas foi somente no ano retrasado que tomou coragem para também se aventurar pela coreografia. O resultado é “So Blue”, misto de solo e dueto apresentado em São Paulo e no Rio, na última semana, ao lado do bailarino Frédéric Tavernini, como parte do 2º Festival O Boticário na Dança.

Por esse trabalho, a canadense conquistou o Prêmio Léonide Massine de melhor bailarina contemporânea em 2013, honraria mais recente de uma coleção na qual se destacam o título de Personalidade da Dança do Ano de 2011 pelo Sindicato de Críticos da França, o Prix de la Danse de Montreal, também em 2011, e um Prêmio Bessie – o Oscar da dança nos Estados Unidos – em 1985. Tudo isso faz com que aposentadoria ainda pareça um conceito distante de sua vida mesmo que a maioria dos bailarinos de sua mesma idade já tenha parado de dançar. O segredo para tal feito? “Coragem”, como ela revela à Revista de Dança. 

 

Como foi passar também a coreografar?

Essa foi uma decisão muito estressante, apesar de, nos últimos anos, eu ter trabalhado com coreógrafos diferentes que me deixavam improvisar bastante. Mas assumir uma produção inteira e tomar todas as decisões sozinha parecia algo muito grande. Esses trabalhos me deram um pouco mais de confiança. O que percebi é que você nunca está tão só, porque sempre há pessoas dando tudo o que podem para você. Ainda é algo estressante, mas porque exijo o mesmo que exijo de mim como bailarina. Para mim, não há uma fronteira tão drástica entre um [ofício] e outro.

 

De que forma a cor azul, que batiza “So Blue”, mexe com você?

Adoro cores, apesar de o preto ser sempre predominante em minhas danças porque tenho essa ideia boba de que preto é revolução, contestação. No meio da dança contemporânea em que me insiro a moda é não dançar, mas às vezes ela se torna muito intelectual. Já eu quero sempre explorar os limites do corpo. Então, minha primeira ideia para essa peça era que ela seria intensa e preta, algo na linha “Back to Black”. Ao longo do processo improvisei muito e surgiram outras camadas que não combinavam mais com preto. Percebi como eu era cheia de contradições e oposições. Foi quando o azul me chegou como algo mais abrangente e adequado para representar isso. Não é uma ideia do azul como o [gênero musical] blues, é pela cor em si, algo muito leve e profundo ao mesmo tempo. O que senti no estúdio é que há algo de leve no dançar.

 

É curioso você destacar a leveza, já que sua dança é conhecida justamente por ser bem intensa e esses aspectos, em geral, são vistos como opostos.

Mas não são! As coisas podem ser inclusivas. Tentam fingir que o balé é leve e delicado, quando, na verdade, é extremamente difícil. Não gosto dessa falsa mensagem. O que danço não é algo sem leveza. É uma luta pela vida com todas as dificuldades que encontramos pelo caminho e que estão dentro de nós. E essa é uma jornada que pode ser leve. Não quero apenas representar isso. Eu quero viver isso.  

 

No último ano você recebeu prêmios como melhor bailarina, 30 anos depois de já ter feito coisas bem radicais. Como você percebe a evolução do seu corpo?

Não sei... Não confio nos números. O que eu vejo é uma incrível boa forma. Quando eu estava com 25 anos, pensava que talvez no futuro eu estivesse diferente. Mas minha mente ainda é a mesma, ela continua livre, aberta, curiosa, insatisfeita, intranquila. Sei que é surpreendente. Você não é a primeira a me falar isso. Mas falta-me ainda entender tanta coisa! Sinto-me completamente viva e estou lutando e descobrindo coisas novas todos os dias. Muita gente se deixa acomodar por palavras, ideias, repetições. Já eu, quanto mais vejo algo, mais enxergo opções e aberturas. É por isso que ainda danço, porque ainda sou fascinada pelo que o movimento pode evocar, pelo que posso aprender ao me colocar diariamente em uma situação física e criativa. Também se deve levar em conta que tudo o que eu fiz nos anos 1980, sempre no meu máximo, me levou ao que faço agora. Talvez não fosse assim se eu tivesse dançado de uma forma mais tranquila, apenas com meu talento, quando era jovem. Só que eu não dançava com meu talento, dançava com minha coragem – e ainda danço com ela.

 

Em que ponto você percebeu que era hora por fim à parceria com Édouard Lock e ir adiante?

É difícil resumir... Para mim, o jeito como Édouard se move, e o que ele coreografa para outras pessoas, é extremamente pessoal e original. Eu já havia dançado em duas companhias em Montreal, estudado em Nova York, visto algumas coisas e  começado a ter minha própria ideia do que queria fazer enquanto dança: algo mais próprio do meu tempo e que falasse com todo tipo de gente. Percebi que o trabalho dele era próximo de mim e por isso o achei tão incrível. Foi um período fantástico e eu poderia ter feito isso para sempre. Saí porque ele foi para outra direção, para o balé e as sapatilhas de ponta. Pensei que poderia lidar com isso, e por um tempo eu pude, mas não havia muito o que intercambiar com os outros bailarinos. Eu estava meio solitária e achei que precisava evoluir em outra direção. Na época eu também estava seriamente machucada, com um problema enorme no quadril, o que comprometia as turnês. Eram fatores com os quais eu não podia lidar mais. Pensei que, se eu fizesse pequenos projetos, seria responsável apenas por mim mesma e faria as regras de forma mais condizente com o que eu havia me tornado.    

 

Você trabalhou com David Bowie na turnê Sound+Vision, de 1990. Como foi a experiência de dividir o palco com ele?

Foi fantástico, pareceu uma grande folga. Eu dançava cinco minutos com ele no palco, o resto era em vídeo, apresentado enquanto ele tocava. Mas sabe de uma coisa? Quando entro no estúdio para trabalhar com qualquer pessoa, somos apenas dois seres humanos com algo para fazer. Essa zona neutra é o melhor lugar para se estar com alguém. Eu me apaixonei por David assim que o conheci. Não tenho como descrevê-lo em apenas uma palavra. Ele é um grande artista e essa foi uma grande oportunidade. E eu me tornei amiga dele. Afinal, você não pode ser distante de alguém com quem você dança. 


(Texto publicado originalmente na Revista de Dança em maio de 2014)

terça-feira, 13 de maio de 2014

Festival O Boticário na Dança: E aí?

Cartaz das ações do Festival | Crédito: Reprodução
Ao fim dos seis dias do Festival O Boticário na Dança, realizado entre 29 de abril e 4 de maio, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo surge uma pergunta: e aí?

A segunda edição do evento, iniciado no ano passado como parte de uma nova plataforma de marketing da maior empresa de cosméticos do país, trouxe dessa vez quatro companhias estrangeiras e uma brasileira. Passado o oba-oba em torno do festival, mais turbinado de cobertura social do que artística, a sensação é de que faltou o que poderia se chamar de uma grande novidade, um trabalho inovador, propositivo e até incômodo dentro do universo da dança contemporânea. 

Veja bem: a qualidade do que foi apresentado não está em questão. Todas as produções mereciam a amplitude daquele palco e a casa lotada que tiveram. A opção de trazer espetáculos de grande porte também é louvável já que é raro ver em um curto espaço de tempo uma série de trabalhos internacionais desse tipo por dificuldades logísticas e financeiras. Devido à natureza da empresa patrocinadora, convencionou-se desde o ano passado que os curadores Sheyla Costa e Dieter Jaenicke teriam como norte a escolha de trabalhos que traduzissem "beleza em movimento". O que ficou claro agora é que, no fundo, isso não diz nada enquanto eixo curatorial. A seleção das obras foi apenas “ok”, sem uma articulação clara umas com as outras - algo que se espera de um Festival.   
 
O maior problema em relação a isso é que há dinheiro público demais envolvido no empreendimento para que elementos como esses não sejam lembrados numa avaliação. Não torço o nariz para o fato de a dança, eterna “prima pobre das artes”, tenha um momento ostentação, com dinheiro e luxo para realizar suas ações com conforto e a mesma produção refinada dos grandes festivais de rock. Vivemos na era da imagem, e acho que o investimento em publicidade e a manutenção do preço popular dos ingressos, a R$ 20, até tem seu papel na conquista de novos públicos no mundo de hoje, principalmente os mais preconceituosos com a dança contemporânea, desde que seja constante, ao longo de todo o ano. O que me incomoda em todo esse auê, na verdade, é a falta de legado real de um projeto comandado basicamente por um departamento de marketing. A despeito de todo o programa que o Boticário empreende em relação à dança, o que ficaria de herança para essa linguagem no Brasil se o Festival se extinguisse hoje, num mundo em que a informação circula bem mais facilmente do que naquele em que o Carlton Dance foi um estouro, nos anos 1980 e 1990?
 
Acredito que ele já ajudaria bastante se fizesse o espectador neófito aprender não ser possível entrar na sala de espetáculos depois de o espetáculo começar. Só que não. O vai e vem de gente em busca de lugares marcados foi constante em todos os dias até 20 minutos depois de iniciados os trabalhos – um desrespeito para quem chegou na hora e, mais ainda, para os artistas (ou vocês acham que eles não percebem essa movimentação de cima do palco?). O forte viés midiático do evento também é um problema em certa medida. Nunca pensei que reclamaria de uma cobertura ostensiva de imprensa para a dança, mas, neste caso, ela também incomodou, com um batalhão de fotógrafos quebrando climas e imersões nas obras ao fazerem “clique, clique” em momentos sensíveis dos trabalhos, com as telinhas de LCD de seus equipamentos emitindo brilho e desviando o foco do palco.   

Há ainda lacunas no caráter formativo. Com a enorme estrutura da qual o Festival dispõe, é risível que não promova cursos verdadeiramente substanciais com os artistas convidados. Workshops de 1h30, como os realizados agora e no ano passado, são apenas um fingimento de que algo está sendo deixado para os artistas locais. Até o Festival de Joinville, voltado para escolas, já percebeu isso e há mais de 15 anos tem uma programação de cursos de pelo menos uma semana de duração.

Por ser um festival jovem, com recursos e dispor ainda de uma forte vontade de realização por parte da empresa patrocinadora, O Boticário na Dança tem tudo para rever suas ações, evitar calcificar vícios e realmente imprimir sua marca no cenário dessa linguagem no país. Basta querer.


Todo mundo tá feliz nas imagens publicitárias do Festival O Boticário na Dança | Crédito: Reprodução

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Festival O Boticário na Dança: Dia a dia

Companhia de Akram Kahn em "iTMOi" |
Crédito: John Ross/Divulgação
Akram Khan
29/4 - Auditório Ibirapuera
"iTMOi" (2013)
Com seu “iTMOi” (sigla em inglês para “Na mente de Igor”), o inglês Akram Khan criou um trabalho estranhamente mais narrativo do que se esperaria de qualquer produção contemporânea. A escolha do título – uma referência ao que teria se passado na cabeça do compositor Igor Stravinski (1882-1971) ao compor “A Sagração da Primavera” – e a opção por designar personagens em cena, pinçados de seu elenco multicultural (e de fazer a baba escorrer pela boca de tão bom), reforçam a criação de uma historinha por parte do público, por mais que ela não seja linear. A estratégia parece ter funcionado, já que o comentário geral o apontou como o espetáculo que mais agradou dos cinco dias do Festival. Mas, justamente por incitar possíveis histórias, Khan acaba deixando lacunas ao abandoná-las pelo meio do caminho.

Os dilemas da criação de uma obra tão vocacionada a romper paradigmas quanto a “Sagração” são deixados de lado em prol de uma releitura do tema do ritual e do sacrifício motivador da trilha original. Ou seja, por mais que não faça uso da música do compositor russo (que aparece apenas como citação no final da peça), Khan acaba repetindo os mesmos passos de todos os coreógrafos que já criaram suas próprias versões da “Sagração”. O que ele tem a mostrar de diferente é sua técnica, que dá uma nova roupagem de sentidos ao kathak indiano ao abordá-lo por um viés contemporâneo, e um claro domínio cenográfico que seduz e até dá a sensação de que há uma dramaturgia bem costurada por trás quando, na verdade, não há. À parte a história do sacrifício, o melhor está no final, quando o palco é tomado apenas por um casal com malhas cor da pele perturbado por uma bola de metal que ronda sobre eles. Ali estão Adão e Eva, a criação à imagem e semelhança do criador, cujo pecado capital foi, no fundo, cometer uma grande ousadia. É uma imagem forte, que provoca enfim um lampejo de uma possível tradução do que teria se passado na mente do compositor.


Louise Lecavalier (Canadá)
Bailarina apresenta vigor em "So Blue" |
Crédito: André Cornellieur/Divulgação
30/4 - Auditório Ibirapuera
"So Blue" (2012)
A peça de autoria da ex-La La La Human Steps Louise Lecavalier é um trabalho de fôlego. Quase não há pausas nos 60 minutos do primeiro trabalho autoral da bailarina canadense. No palco, seus 55 anos se passam facilmente por 25 tamanho o vigor que ela apresenta. É uma obra sobre a busca do movimento total e a paixão inexplicável de dispor integralmente do corpo para tal feito, quase como uma vocação religiosa. O resultado pode até ser frouxo do ponto de vista dramatúrgico, mas é compensado justamente pela maturidade cênica de Lecavalier, que cresce ainda mais quando ela passa do solo ao duo com o bailarino Frédéric Tavernini. Há aí um interessante diálogo de contraste, já que ela subverte sua figura pequena e aparentemente frágil e apresenta uma força maior que a do grandalhão barbudo com quem divide a cena. “So Blue” é o início promissor de uma trajetória como coreógrafa que vamos querer acompanhar de perto.


Cena de "4", criação de Tao Ye | Crédito: Fan Xi/Divulgação
Tao Dance Theater (China)
1o/5 - Auditório Ibirapuera
"4" (?) e "5" (2013)
Maior incógnita do festival, a novíssima companhia chinesa Tao Dance Theater, criada em 2008 por Tao Ye, fez uma apresentação digna com suas duas coreografias, “4” e “5”, e se revelou como a maior novidade do evento. O mote da primeira era “como criar uma coreografia em que nenhum dos bailarinos se toca?”. Ora, os mestres dos corpos de baile dos balés de repertório já haviam respondido essa pergunta séculos atrás. O que há de interessante no trabalho – e que dialoga com a segunda peça da noite – é uma discussão sobre individualidade. Em “4”, nenhum dos quatro bailarinos tem rosto. Todos estão mascarados, dançam os mesmos passos e se deslocam pelo espaço na formação de um quadrado, minutos a fio, sob uma luz chapada, dando a sensação de um espelho infinito. A força desse movimento uníssono se esvai em alguns momentos dada a falta de sincronia entre eles. Lá pelas tantas, no entanto, percebe-se que os movimentos supostamente idênticos entre eles não eram tão idênticos assim. Pequenas alterações de cada um dentro daquele moto-contínuo são a declaração de que ali há um indivíduo, e não apenas uma massa.

Já em “5”, Tao exige um outro tempo do nosso olhar acelerado pelo mundo cotidiano e provoca uma hipnose no público ao colocar todos os cinco bailarinos em cena para se transformarem em uma massa única, deslocando-se pelo palco em movimentos extremamente lentos e arrastados pelo chão. Há um quê de monstruoso nesse ser com um só tronco, mas repleto de pernas e braços, que se movimenta sem rumo e se refaz continuamente . A problemática da peça anterior se apresenta sob uma nova perspectiva. Se antes se discutia a impossibilidade de um conjunto de individualidades ser completamente uniforme, agora se evidenciam as deformidades resultantes de uma uniformização.


Bailarinos da Focus em "Ímpar" | Crédito: Divulgação
Focus Cia. de Dança
2/5 - Auditório Ibirapuera
"Ímpar" (2010)
Única representante brasileira em um festival focado em exaltar a dança feita lá fora, “Ímpar” mostrou o elenco da carioca Focus Cia. de Dança em sua melhor forma. É estranho ver esse trabalho de 2010 apenas agora, depois do grupo ter criado um sucesso de massa com “As Canções que Você Dançou para Mim” (2012). “Ímpar” é um trabalho formalista. Sua pretensão está em si mesmo, na criação e no apuro da qualidade do movimento. Alex Neoral demonstra seu potencial coreográfico no trabalho e se vale de uma boa sacada dramatúrgica ao brincar com flashfowards e flashbacks e fazer o público se pegar tentando montar na cabeça o que seria uma ordem cronológica do espetáculo. Assim, ele subverte noções como as de começo, meio e fim, propondo um desenrolar narrativo que evidencia a importância de todas as cenas apresentadas para a construção da obra. O que está em questão é uma discussão sobre o tempo: no fundo, nunca há uma ordem "certa" para os acontecimentos, e é salutar que "Ímpar" consiga levantar o tema de forma simples e eficiente.


Batsheva Ensemble tem bailarinos com idades
entre 18 e 27 anos | Crédito: Gadi Dagon/Divulgação
Batsheva Ensemble
3/5 - Auditório Ibirapuera
"Decadance" (2000)
Após uma semana equilibrada, o festival escolheu encerrar justamente com o trabalho mais fraco. “Decadance” é um pout-pourri do que o coreógrafo israelense Ohad Naharin considera como seus melhores momentos. O tipo de trabalho desenvolvido por ele, com sua vigorosa e contagiante linguagem Gaga, não é exatamente uma novidade por aqui. Seu grupo, o Batsheva Dance Company, já fez turnês na capital paulista e até mesmo o Balé da Cidade já dançou suas criações. Uma peça que funciona como demonstração, e não como um trabalho em si mesmo, pouco acrescenta à formação de um público de dança. Isso piora quando o “Decadance” apresentado em São Paulo é encenado pelo Batsheva Ensemble, o braço jovem da companhia, com bailarinos entre 18 e 27 anos. A falta de unidade no trabalho deixa ainda mais evidente a pouca maturidade do elenco para sustentar os segmentos apresentados. O final escolhido, retirado do potente início da peça “Minus 16” (1999), deixa isso bem claro. A peça foi dançada na íntegra na cidade no ano passado, pela Alvin Ailey Dance Theater. Quando uma companhia de fora consegue dar mais densidade a um trabalho do que a companhia de seu criador, parece haver um problema.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Dança se espalha por São Paulo na Virada!

O que será que a massa que ocupará o Anhangabaú  vai achar de
"Cantata", do Balé da Cidade?  | Crédito: Sylvia Masini/Divulgação
Depois de ficar confinada na Praça das Artes no ano passado, a dança chega com tudo na Virada Cultural 2014 em um palco exclusivo no Vale do Anhangabaú. A partir das 18h de sábado, serão 24 horas seguidas de todo tipo de linguagem de movimento, em espetáculos selecionados por Iracity Cardoso, diretora artística do Balé da Cidade. Não sendo suficiente, dessa vez a dança também se espalha em intervenções pelo centro da cidade e ganha até uma mostra daqueles filmes óbvios que a gente adora no Cine Olido. Aproveitei e reuni também o que a Rede Sesc vai fazer para dar tempo de cada um montar o quebra-cabeça de sua programação. Os itens destacados são algumas das minhas apostas (infelizmente ainda não dá para estar em dois lugares ao mesmo tempo). Ah! E É TUDO DE GRAÇA!  

Palco Vale do Anhangabaú
19h – Acts of Lights e Valsa do Abraço - Escola de Dança de São Paulo
20h – Sem Passagem - Cia Experimental Kahal
21h30 – O Cisne- Ana Botafogo e Luis Arrieta
22h – Abrupto e Cantata - Balé da Cidade de São Paulo
23h30 – El Indiano - David Morales
1h – O Bilhete - Marcia Milhazes Cia de Dança
1h30 – O Som do Movimento - Frank Ejara
2h30 – No Singular - Quasar Cia de Dança
4h – Stardust - Silenciosas + GT’aime
5h30 – Do Soul ao Hip Hip - Nelson Triunfo
6h30 – O Animal Mais Forte do Mundo - Cia Ângelo Madureira e Ana Catarina Vieira
9h30 – África em Nó(s) - Cia Abayomi
12h – Luceros Dança Toninho Ferragutti - Grupo Luceros Arte Flamenco
13h30 – Por Um Fio - Gupo Experimental Mimulus
16h30 – Travessia - Grupo Grial


Palácio da Justiça
23h30 – Contorno, Site Specific Dança, Video e Moda - Rafael Gomes e Vinicius Cardoso

2h – Contorno, Site Specific Dança, Video e Moda - Rafael Gomes e Vinicius Cardoso
19h – Contorno, Site Specific Dança, Video e Moda - Rafael Gomes e Vinicius Cardoso

Viaduto do Chá
8h – Balões Vermelhos - Etra Cia de Dança

Viaduto Santa Ifigênia
10h30 – Espaços Invisíveis - Cia Damas em Trânsito e o Bucaneiros


Anhangabaú – Dança
15h – Corpos de Passagem - GRUA Gentlemen na Rua


Vitrine da Dança - Galeria Olido
24h – Virada de Dança de Salão


Copan
24h – Ônibus da Dança


Centro Cultural São Paulo
16h – Balões Vermelhos - Etra Cia de Dança 


Cine Olido - Mostra Baila Comigo
18h - Os Embalos de Sábado à Noite (Saturday Night Fever) - 1978. Dir: John Badham
20h15 - Footloose - Ritmo Louco (Footloose) - 1981. Dir: Herbert Ross
22h15 - Flashdance (Flashdance) - 1983. Dir: Adrian Lyne
0h15 - Dirty Dancing - Ritmo Quente (Dirty Dancing) - 1987. Dir: Emile Ardolino
2h15 - Perfeição (Perfect) - 1985. Dir: James Bridges
4h30 - O Sol da Meia-Noite (White Nights) - 1985. Dir: Taylor Hackford
7h - Moonwalker (Moonwalker) - 1988. Dir: Jerry Kramer, Colin Chilvers, Jim Blashield
9h - Os Embalos de Sábado Continuam (Staying Alive) - 1983. Dir: Sylvester Stallone
11h - Fama (Fame) - 1980. Dir: Alan Parker
13h30 - Breakin - 1984. Dir: Joel Silberg
15h15 - Entre Nessa Dança - Hip Hop no Pedaço (You Got Served) - 2004. Dir: Chris Stokes
17h15 - O Poder do Ritmo (Stomp the yard) - 2007. Dir: Sylvain White


Sesc Santana
19h30 - Tá Limpo - Coreografia de Niels Storm Robitzky e direção de Frank Ejara
20h - Organoides - Núcleo Maya Lila
20h30 - Ori Jam! - Morena Nascimento e grupo
21h30 - Organoides - Núcleo Maya Lila
22h30 - Tá Limpo - Coreografia de Niels Storm Robitzky e direção de Frank Ejara
16h30 - Organoides - Núcleo Maya Lila  

Sesc Ipiranga
20h15 - Puntear - Cia. Damas em Trânsito e os Bucaneiros 
23h30 - Jam 1MM - Cristian Duarte
1h30 - Jam 1MM - Cristian Duarte
14h - Jam 1MM - Cristian Duarte

Sesc Belenzinho
20h - Baderna - Núcleo Luis Ferron *
23h - Nelson Triunfo 
17h - Baderna - Núcleo Luis Ferron *

Sesc Bom Retiro 
0h - Tempo - T.F.Style Cia. de Dança

Sesc Vila Mariana
19h - 100 Gestos - Cia. Dani Lima *
0h - Sobre Expectativas e Promessas - Grupo Cena 11 Cia. de Dança*
15h - Sobre Expectativas e Promessas - Cena 11 Cia. de Dança *

*Orientações para retirada de ingressos da Rede Sesc na Virada Cultural 2014:
- A retirada de ingressos será somente nas bilheterias da Rede Sesc e terá início a partir das 17h do sábado (17/05);
- Cada pessoa poderá retirar dois ingressos por apresentação, para até três apresentações diferentes, desde que os horários não coincidam;
- Para os espetáculos de Teatro Infantil cada pessoa poderá retirar até quatro ingressos por apresentação, para até três apresentações diferentes, desde que os horários não coincidam;
- Para agilizar o atendimento os ingressos numerados serão distribuídos em ordem crescente, sem possibilidade da escolha do lugar.


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Cinco grandes em busca de R$ 60 mil

Sandro Borelli recebeu uma indicação
pelo espetáculo "Colônia Penal"
Tradicional premiação da Secretaria do Estado da Cultura de São Paulo, o Prêmio Governador do Estado para a Cultura em 2013 anunciou hoje seus finalistas em nove categorias.

Na dança, a lista dos cinco indicados promete dar trabalho para o júri, que terá que decidir quem merece mais: Janice Vieira, Jorge Garcia, Antonio Nóbrega, Sandro Borelli ou Balé da Cidade de São Paulo?

Acho a tarefa mega-árdua. Todos os concorrentes têm trabalhos maduros, sérios e extremamente merecedores de embolsar os R$ 60 mil destinados ao vencedor de cada categoria (e sabemos como um dinheiro desses é fundamental para manter a criação deles em processo contínuo).

Nós, meros espectadores, podemos dar nosso pitaco. O Prêmio tem em paralelo uma votação popular que fica aberta até o dia 16 de fevereiro no site www.premiogovernador.sp.gov.br. O anúncio dos vencedores acontece no dia 24 do mesmo mês, em uma cerimônia no Theatro São Pedro.

Desde que foi retomada, há quatro anos, a premiação já contemplou a Trilogia Influência da Cia. Nova Dança 4 (2010), o Ballet Stagium por seus 40 anos de trajetória (2011) e o veterano Luis Arrieta pelo espetáculo "A Ponte" (2012).

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Em breve em um cinema perto de você

Aí você está lá afogada na poltrona do cinema, ainda acordando numa manhã de segunda-feira, vendo a sessão de imprensa de um filme de ação como tantos outros cheios de tiros, lutas e complôs de espionagem.

O vilão dos vilões é um russo, convocado para uma reunião secreta com alguém aparentemente mais maquiavélico ainda – um tal de Sorokin, saído de um Kremlin digno dos filmes de Guerra Fria.

Segue para a cena do encontro dos dois, no meio de uma floresta fria e deserta. A porta do carro abre e --- OMG! --- o malvado-mor é ninguém menos que o russo favorito de qualquer amante do balé clássico. Sim, é ele mesmo, Mikhail Baryshnikov destilando confortavelmente seu alfabeto cirílico nativo no longa "Operação Sombra: Jack Ryan", que estreia por aqui no dia 7 de fevereiro.

Misha, que faz 66 anos no próximo dia 28, não atuava em filmes desde a comédia "Company Business" (1991), na qual contracenava com Gene Hackman (salvo engano, a produção não foi lançada no Brasil). Já a derradeira ponta dele como ator havia sido em 2004, quando interpretou um dos vários namorados de Carrie (Sarah Jessica Parker) na série "Sex and the City". 

A participação de Baryshnikov em "Jack Ryan" é tão pequena que o astro acabou sem crédito oficial na produção, mas vê-lo em cena, ainda assim, é uma surpresa e um refresco (artista é mesmo artista em qualquer lugar!). O diretor do longa, Kenneth Branagh, parece compartilhar dessa opinião. 

"Ele adora ensaiar. Adora, adora, adora ensaiar. Tendo em vista o quão curtas foram as cenas dele, ensaiamos mais do que qualquer outra coisa no filme inteiro. Para mim era apenas uma maneira de passar um pouco mais de tempo com alguém que é uma lenda absoluta. Até onde sei, ele é um dos maiores artistas de nosso tempo", disse o ator, que também interpreta o vilão subordinado a Misha, ao "Studio System News".

Passei um tempão em busca de uma foto dos dois em ação, mas realmente o papel é tão pequenininho que só deve surgir alguma imagem quando o filme cair na rede e alguém copiar o frame. Mas só esse mistério já é um bom estímulo para comprar o ingresso e conferir, não? 

Reboot da franquia de ação inspirada nos livros de espionagem de Tom Clancy (1947-2013) – que já teve Harrison Ford, Alec Baldwin e Ben Affleck no papel-título –, a nova produção tem Chris Pine como protagonista, além de Keira Knightley e Kevin Costner no elenco.

Reuni trailers (ou trechos) de todos os filmes com Misha na playlist abaixo. Ainda preciso assistir aos dois títulos de 1991, mas, por enquanto, meu preferido continua sendo "Momento de Decisão" (clichê, eu sei, mas fazer o quê?). E, para você, qual é a melhor performance do nosso astro no cinema?


"Company Business" (1991), de Nicholas Meyer - Comédia escrachada em que Misha e Gene Hackman vivem amigos golpistas cujo plano mirabolante dá errado em algum momento (óbvio!)



"The Cabinet of Dr. Ramirez" (1991), de Peter Sellars - Outro título aparentemente sem lançamento no Brasil que tem por objetivo refletir sobre o fim da era Bush Pai nos Estados Unidos. O longa está na íntegra, aos pedaços, no YouTube. O curioso é que, além de Bayshnikov, o longa traz no elenco Peter Gallagher, que, em 2001, viraria diretor de companhia de balé em "Sob a Luz da Fama"! 



"Emoções" (1987), de Herbert Ross - O mesmo diretor de "Momento de Decisão" criou essa adaptação cinematográfica para a história de "Giselle", com Misha como um bailarino étoile que, mesmo envolvido com a prima-ballerina da companhia (Alessandra Ferri rumo ao auge), resolve seduzir uma ingênua integrante do corpo de baile vivida por uma Julie Kent de apenas 18 anos.


"O Sol da Meia-Noite"(1985), de Taylor Hackford - Ao lado de Gregory Hines (1946-2003), Isabella Rossellini e uma ainda desconhecida Helen Mirren, Baryshnikov encarou seu papel mais político ao viver um bailarino russo que, após fugir da União Soviética, enfrenta as consequências de um retorno quando seu avião sofre uma pane ao sobrevoar o país.


"Momento de Decisão" (1977), de Herbert Ross - Shirley MacLane e Anne Bancroft lavam roupa suja dos tempos em que dançavam enquanto a filha de uma delas (Leslie Browne) se prepara para virar a "the next big thing" da dança clássica nos braços de um (aparentemente sempre) sedutor Baryshnikov, que recebeu pelo papel indicações a melhor ator coadjuvante nas edições de 1978 do Globo de Ouro e do Oscar.