O que está por trás de um bom saltoNo balé, a capacidade de saltar é uma das habilidades que pode definir um grande bailarino: pense em Darcey Bussell, Carlos Acosta, Sylvia Guillem, Alina Cojocaru e tantos outros mais. O esforço deles nos ensaios ajuda a proporcionar graça, elegância e controle aos saltos. No entanto, o que determina principalmente a qualidade dessa habilidade é a genética. Saltar requer uma combinação entre os tipos certos de músculo, tendões e formas dos pés, além de um bom equilíbrio proporcional entre o peso do corpo e a força dele.
Isso é que é genética boa! (na foto, Maria Alexandrova)
Aproximadamente 15% do resultado de um salto tem origem nos ligamentos do arco do pé, que atua como um elástico – eles alongam quando o joelho dobra e contraem quando o bailarino toma o ar.
Outro percentual: 35% do salto vem dos tendões do calcanhar e da perna, mais especificamente o tendão de aquiles, que armazena uma grande força enquanto é alongado na preparação para um salto. A quantidade de plié possível com o tendão é que determina a força da explosão no ar. Lembre-se que os tendões têm um potencial elástico maior que os músculos, então quanto mais forte e alongado eles estiverem, mais alto será o salto. Preste atenção na panturrilha de qualquer corredor ou de um bailarino que salta pra valer: todos eles têm um tendão de aquiles longo e tão bem trabalhado que transparece pela pele.
O restante da força de um salto depende em 55 % dos músculos da perna.
Os músculos são constituídos por dois tipos de fibras: as de contração rápida e as de contração lenta. A fibras musculares rápidas contraem velozmente e com bastante força. Com isso, são excelentes para potencializar ações como saltar ou correr. As fibras lentas são mais irrigadas; portanto, úteis para a resistência e o fortalecimento de certos movimentos, como corridas de longa distância. Todos nós nascemos com uma determinada proporção de fibras lentas e de fibras rápidas. Ela não pode ser alterada com treinamento. Todos os corredores velozes e os bailarinos que saltam mais alto têm um número elevado de fibras musculares rápidas.
Como já foi dito, para saltar alto, um bailarino deve caprichar no plié. O alongamento do plié atua no salto como uma faixa de elástico. Quando mais ela é esticada, maior a força com a qual ela ricocheteia quando solta. Do mesmo modo é com o salto.<
A aterrissagem de um salto faz com que os tendões e músculos alonguem ainda mais, um elemento que pode potencializar muito o salto seguinte. Esse é o motivo para os bailarinos fazerem um salto pequeno antes de um grande (como um glissade antes de um jeté). O timing também é importante. Nunca se vai conseguir ter um salto impressionante se o plié de impulsão é demorado. Apesar de profundo, ele precisa ser rápido para provocar agilidade no salto.
Apesar dos principais atributos para um salto perfeito dependerem da genética, os bailarinos podem ainda tentar melhorar sua técnica para saltarem ainda mais alto. Exercícios com pesos podem fortalecer os músculos e ampliar a sua força. Além disso, há outras atividades destinadas a melhorar a capacidade de contração deles. O peso do corpo é outro fator determinante: bailarinos esbeltos e, ainda assim, musculosos conseguem os melhores saltos.
Mesmo que você não tenha sido um dos favorecidos pela natureza para o salto, ainda dá para impressionar os outros. Se as pernas não são tão boas, capriche na imposição da cabeça e no alongamento dos braços durante o salto. Esse truque dá uma sensação de imponência e presença do palco que enriquecem a apresentação. Além disso, a maior parte da platéia leiga presta muito mais atenção nos movimentos do tronco do que nos das pernas. Mas não vá usar isso como pretexto para relaxar nas aulas, hein?
Texto traduzido e adaptado do programa de TV The Dancer´s Body, produzido pela BBC de Londres. O artigo original pode ser encontrado no link http://www.bbc.co.uk/music/dancersbody/body/jumping.shtml
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