domingo, 16 de abril de 2006

Piruetas x Pas-de-deux

Dançar um pas-de-deux já não é algo lá muito fácil. Mais complicado fica quando a coreografia exige algumas famigeradas "piruetas de dedinho", ou seja, quando se é necessário girar segurando a mão do partner. Não é à toa que os pas-de-deux que a exigem geralmente são destinados a bailarinas mais experientes, mais conscientes de seu próprio corpo e de suas capacidades. Afinal, é preciso muita força e concentração, além da colaboração do partner, para executá-las com perfeição. Logo abaixo segue uma lista de dicas pra tentar aprimorar a técnica dessa passo tão difícil (e tão bonito):

1. O dedo de apoio do partner deve ser sempre o indicador. Geralmente é o direito, porque geralmente as piruetas vão nesse sentido, o que talvez dificulte um pouco para os canhotos. O dedo deve ser mantido constantemente para baixo e nunca para o lado.

2. Com a mão direita, o partner deve fazer um esforço para manter a mão levantada da bailarina bem no centro da cabeça dela ou, no máximo, um pouco mais à frente disso. Se a mão pender para um lado ou para o outro, a bailarina perde o seu eixo de gravidade (e pode machucar seriamente a mão do partner).

3. A bailarina deve cuidar para não apertar demais o dedo do partner, pois esse gesto trava o giro perfeito. Afinal, é com o dedo que o partner ajuda a bailarina a continuar no eixo e dar o “empurrãozinho” final para completar aquela pirueta que não conseguiu sair apenas com o impulso próprio.

4. Deve-se ter cuidado para manter a postura sempre muito correta desde a preparação da pirueta. Nada de tentar pegar impulso com o ombro direito. Isso afeta a linha perfeita corpo e também compromete o eixo do giro. O abdômen deve estar bem preso, ajudando na firmeza do corpo.

5. O partner deve manter uma distância razoável da sua mão e da mão da bailarina da cabeça dela. Se as duas mãos ficam muito próximas à cabeça, a moça pode ter dificuldades em estabilizar o corpo.

6. Ponto importante: o que fazer com a mão esquerda? Ela desempenha um importante papel para o impulso da pirueta assim como a perna direita. É preciso empurrar para trás a mão do partner que, nessa hora, pode forçar levemente a mão para a frente de forma a dar um apoio maior à bailarina.

7. Agora é a hora de girar. A bailarina empurra a mão do partner até o momento em que a perna direita faz o ronde jambe até a segunda posição e ela fica en face. Só aí é que ela recolhe a perna num passé e pode continuar o giro. Enquanto isso, o braço esquerdo fecha rapidamente uma primeira posição. Se a bailarina não levar a perna inteiramente até à segunda posição, é bem possível que o passé fique feio, en dedans e comprometa também o giro. Se a bailarina levar até à segunda, mas demorar para fechar, bem... Algum acidente vai acontecer (o que a gente não deseja pra ninguém!).

8. Uma lembrança óbvia, mas suuuuper básica: a bailarina não pode confiar a manutenção do seu eixo ao partner. Ele pode ajudar muito, mas não é Deus para salvar uma pirueta “relaxada”. Então, nada de esquecer de marcar bem a cabeça durante o giro.

9. Esse é o tipo da pirueta que sai melhor quando o número de giros já está predefinido nos ensaios. Como ela é difícil, é a prática que vai determinar a quantidade possível e, assim, a força de impulso necessária para a bailarina executá-la. O partner pode ajudar no arremate final, segurando a mão esquerda dela quando já estiver ralentando o giro. Ela também pode dar um sinal de que deseja diminuir o ritmo, comprimindo levemente o dedo de base do partner.

Quem leu essa lista de dicas e nunca fez pirueta de dedinho deve imaginar como é difícil. São muitos pontos a serem relembrados em um curtíssimo espaço de tempo. Dessa forma, o que vai determinar do sucesso é, realmente, muita prática. Por isso, boa sorte!

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